Programa de
Educação Patrimonial

"Lagoa Santa: História, Cultura e Patrimônio"


Apresentação do Programa de Educação Patrimonial

Onde estão nossas referências culturais?


    Através da Educação Patrimonial evidenciamos, reforçamos e buscamos nossas referências. Educamos nosso olhar e nossa percepção para compreender os caminhos que percorremos enquanto cidadãos. Educando nosso olhar para o patrimônio aprendemos a valorizar e proteger a nossa História. Nossa identidade é forjada através da história de nossos antepassados. Cultura essa que revela nossa identidade, nosso modo de viver e de conviver nos espaços em que vivemos. Nesses espaços o passado e o presente convivem quase que harmoniosamente e é percebido na medida em que nosso olhar atenta para aquele casarão antigo ou aquela fachada colonial. Quando vamos visitar nossas avós e comemos aquele doce de figo, de pau de mamão ou então aquele doce de leite ou ainda, quando apreciamos as quitandas artesanais feitas com a tradicional receita da família. Quando vamos à igreja e as festas de Reis, Congado, as Guardas, etc. E, até mesmo essa paisagem, o cerrado, guardam nossa história e forjam nossa identidade nas raízes de nossos antepassados. Basta um olhar atento para perceber nossas referências.

    Nosso clima e vegetação, Brant registrou em suas pinturas e desenhos. O cerrado, bioma intermediário entre a região da Mata-atlântica e a Amazônia, de vegetação rasteira e retorcida é uma das mais belas paisagens naturais do Brasil. Também conhecida como a savana com maior diversidade do mundo, de formações campestres e florestais e de possuir variadas espécies de animais. Por aqui, essa paisagem foi moradia e também forneceu frutos como o “araticum”, planta característica da região de cerrado, que servia de alimento para as populações antigas como o povo de Luzia, nome dado ao fóssil mais antigo das Américas, um achado de Annette Laming Emperaire (1917-1977) que chamou a atenção de pesquisadores relacionadas à ocupação do território americano. Um deles, Walter Neves, encontrou nos achados de Annette, traços que lembram os atuais aborígenes da Austrália e os negros da África, contudo, o crânio arredondado de Luzia, revelou características mongolóides dados os intermediários entre pigmóides e mongolóides, mas os resultados de testes de DNA revela que os traços genéticos do povo de Lagoa Santa é semelhante ao de todos os povos indígenas da América evidenciando que as feições seriam mongolóides, provando assim que o povo de Luzia chegou à América juntamente com as demais populações que vieram do continente asiático. Que achado!

  

    Milhares de anos passaram e a cidade que aqui se desenvolveu, foi marcada pela busca desenfreada pelo ouro e pedras preciosas e, sobretudo, alimentados pela religiosidade, fé e devoção. A expedição bandeirante que desbravou o Rio das Velhas foi a de Fernão Dias Paes Leme, esta partiu de São Paulo em 1674, instalando-se na região do Sumidouro em 1675. Já a ocupação da região da lagoa central acontece em 1733, quando Felipe Rodrigues ergue seu pequeno engenho de água ardente. Felipe Rodrigues também anuncia os poderes curativos das águas da lagoa ao frei Antônio de Miranda, de Sabará, fatos que são registrados por João Cardoso de Miranda no livro “Prodigiosa Lagoa Descuberta nas Congonhas das Minas do Sabará, que tem curado várias pessoas dos achaques que nessa relação se expõe”, de 1749. As notícias provocam uma migração ostensiva na região fazendo com que seus novos habitantes erguesse uma capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde, em 1819. Lagoa Santa torna-se Distrito em 1891 e, em dezembro de 1938, é elevada a categoria de cidade.

    Personalidades como Peter Wilhelm Lund, o pai da Paleontologia Brasileira; Peter Andreas Brandt, artista que registrou as cavernas e as paisagens da região; Eugenius Warming, um dos fundadores da ecologia vegetal. Sem contar com os demais pesquisadores como Burmeister, Richard Burton, Agassiz e Riedel influenciaram a Paleontologia, Espeleologia, Arqueologia e a Antropologia com suas pesquisas. Lembrando que o trabalho de P. W. Lund foi importante para a “Teoria de Evolução das Espécies” (1859) por Charles Darwin. 

IV Semana de Educação Patrimonial - Festas e Festejos
IV Semana de Educação Patrimonial - Festas e Festejos
Escola Municipal de Lapinha

    Nossas referências da cultura popular são diversas e estão presentes nas histórias contadas por integrantes de diferentes manifestações como a Guarda de Nossa Senhora e Sant’Ana, a Guarda de Moçambique, a Guarda de Nossa Senhora do Rosário de Lapinha, o Candombe, através da Capoeira de Angola e o Boi da Manta. A tradição natalina, mais especificamente sobre a visita dos Reis Magos ao recém nascido Jesus, são relembradas pelas “Pastorinhas do Menino Jesus”, grupo que se tornou uma manifestação de referência para a cidade, tem sua origem na Europa e nos leva ao período medieval. Todas essas tradições valorizam em suas festividades a fartura de comida e de muita alegria. No encontro das Guardas, por exemplo, eles se reúnem para o café da manhã, no almoço, no lanche da tarde e até na janta. Eventos que chegam a agrupar milhares de pessoas em festividades, visitantes que se reúnem torno de uma mesa e que pode durar todo o final de semana. É fato que, ao longo de todo esse tempo, a tradição de produzir doces e quitandas são transmitidas através das gerações, saberes tradicionais que se mantém vivo através da Rota das Doceiras.

    Nossa religiosidade é marcada não somente pelas tradições europeias, mas também pela africana e de grupos indígenas. Sincretismo que é visto através do Congado e o Candombe. As capelas como a de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora de Sant’Ana, resistem ao tempo e nos fazem voltar ao século XVIII, tempo onde a sociedade é impregnada da cristandade católica. Elas são palco, ainda hoje, de todas aquelas festividades e tradições populares já citadas. Da cultura afro-brasileira, as tradições religiosas de matriz africana são representadas pelos templos de Umbanda e do Candomblé, em Lagoa Santa, temos o templo de tradição Angola, o Manzo Inkice Kavungo, é uma referência de fé e tradição.

    Levar ao conhecimento dos alunos e da comunidade em geral da cidade sobre a História, Cultura e Patrimônio do município de Lagoa Santa, levá-los a conhecer as diversas manifestações culturais na cidade é a maneira que podemos transmitir todo esse conhecimento e valorizar a nossa história.

                                                                                                                                                        Prof. Luiz Fernando Avelar Costa

O Minicurso - Educação Patrimonial "Lagoa Santa: História, Cultura e Patrimônio", foi elaborado pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED) em parceria com a Diretoria Municipal de Turismo e Cultura (DMTC), em 2021, para compor uma das ações na I Semana de Educação Patrimonial. O evento antecedeu ao "IV Simpósio Arqueologia de Lagoa Santa", em virtude do 220º Aniversário de Peter W. Lund. O objetivo é levar ao conhecimento de toda a comunidade escolar, em especial os alunos e professores, a História, a cultura e o patrimônio da cidade de Lagoa Santa. Elaborado sob a coordenação do professor Luiz Fernando Avelar Costa e Isadora Senra Prado, fomenta a cultura popular do município, colocando como protagonistas de suas próprias histórias os seus autores, os seus líderes. Homens e Mulheres que atuam ativamente no resgate e ampla divulgação da cultura do município. Conheça e divulgue essas várias histórias.

Abertura

Patrimônio. O que é? Qual a sua importância para nossa formação enquanto cidadãos?

Apresentação: Rosângela Albano

Educação Patrimonial e Inclusão Social

Apresentação: Flávia Ildefonso

Uma breve história de Lagoa Santa

Apresentação: Cleito P. Ribeiro

A pré-história em Lagoa Santa

Apresentação: Rosângela Albano

Patrimônio e Turismo em Lagoa Santa

Apresentação: Marta Machado Soares e Luiz Tadeu Neves Pimenta

Mudanças na Paisagem do bioma Cerrado

Apresentação : Natália Viveiros Salomão

A lagoa e os homens uma relação no tempo. Lagoa Central, um patrimônio de Lagoa Santa.

Apresentação: Igor Prado Rodrigues Meneses

Apresentação: Alessandra Cecílio Fonseca

Participação Especial - Contadora de Histórias - Alessandra Visentin, para alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais.

Patrimônio. O que é?

Apresentação: Alessandra Visentin


Uma contação de história para alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais.

Palestra 01

A ancestralidade indígena e africana presentes na cultura de benzimento em Lagoa Santa

       Gercino Alves nos apresenta uma belíssima entrevista com Dona Antera, Leonardo Martins e Eníson, todos representantes das tradições de fé e religiosidade em Lagoa Santa. Os usos e costumes das folhas medicinais, ao longo de vários anos é conhecimento e faz parte da nossa cultura, e por isso deve ser transmitido para novas gerações.

Palestra 02

Identidade e Representatividade da Boneca de Pano

       Moradora de Lagoa Santa, artesã bonequeira, graduanda em Serviço Social, Educadora Social e Pesquisadora de questões relacionadas a raça e gênero. Criadora da marca "@Somos_todas_princesas" que trabalha o artesanato focado em identidade e representatividade, que nasceu de um incômodo pela falta de representação, causada pela ausência de bonecas negras no mercado para crianças.

Palestra 03

Povos de Lagoa Santa: Influência Europeia

       O tema desenvolvido por Ana P. Marchesotti nos revela as diversas contribuições de Peter W. Lund para Lagoa Santa, uma delas é de trazer auxiliares letrados para ajudar nos a afazeres em relação a sua pesquisa, muitos estrangeiros vieram para esse fim especifico dentre eles alemães e  franceses, impactando diretamente na cultura local. Ressalta a presença de estrangeiros famosos que ficaram tempo significativo, um deles Andreas Brandt, norueguês, também auxiliar de Lund. Conheça essa história rica de diversidade cultural.

Palestra 04

Cultura libanesa em Lagoa Santa

Curiosidades sobre o Líbano e suas influências na cultura brasileira.
       O Líbano é um país pequeno, distante e misterioso que abriga um povo longe de ser desconhecido dos brasileiros: os libaneses, que imigraram em massa para o Brasil, trouxeram seus costumes, tradições e cultura. Herdada inicialmente dos antigos fenícios e posteriormente pelas inúmeras civilizações que lá estiveram. Contribua com o projeto, compartilhe sua história, seja com fotos, relatos, imagens, documentos que possam ser digitalizados para compor esse acervo cultural em nossa cidade.

Palestra 05

Patrimônio Cultural, Instrumentos de Proteção e Inventários

        Um inventário patrimonial pelo olhar de nossos alunos. Conceitos como: Patrimônio Cultural; Patrimônio Material e Patrimônio Imaterial. Elaboração da ficha de inventários. "O patrimônio cultural protegido diz respeito aos bens culturais, materiais ou imateriais, que, em função de seu valor histórico, artístico, estético, afetivo, simbólico, dentre outros, receberam algum tipo de proteção pelo poder público, tal o como tombamento, o registro imaterial, o inventário ou outras formas de acautelamento previstas na legislação" (IEPHAMG) Ações na escola que contribuem para proteção dos bens culturais.

DIA 25/06 - OFICINAS

       Dia 25 de Junho de 2022. Um sábado onde se reuniram, no Parque Estadual do Sumidouro, a Secretária Municipal de Educação, Nila Alves de Rezende, com  6 escolas. Crianças, adolescentes, servidores das escolas e a comunidade local, para encerrar o ciclo de Palestras da II Semana de Educação Patrimonial, entre os dias 20 e 25, com uma série de oficinas, de atividades relacionadas ao Patrimônio Cultural e marcar o início das Projetos Escolares relacionados à temática. Estiveram presentes no evento as escolas: E.M. Alberto Santos Dumont, E.M. Cel Pedro Vieira de Freitas, E.M. Dona Maria Augusta, E.M. Doutor Lund, E.M. Herculano Liberato de Almeida e o Grupo Escola Amizade e Amor - Casa Sr. Tito.

Marcelo Fonseca
Marcelo Fonseca
       Ao longo da última semana temas como a "diversidade étnica e cultural" presente na cidade e "Patrimônio Cultural Material e Imaterial", bem como "elaboração e avaliação de fichas de inventários" foram discutidos em vídeos pelos colaboradores Gercino Alves Batista, Andrea Araújo, Valentina Mattar, Ana Paula Marchessotti e Isadora Senra Prado.
Lagoa Santa é marcada por uma diversidade étnica ímpar, ressalta a historiadora Ana Paula Marchessotti em sua palestra.
O dinamarquês Peter W. Lund, pai da Paleontologia Brasileira, trouxe diversas pessoas, dentre eles alemães e  noruegueses, para colaborarem em sua pesquisa sobre a evolução dos seres. Contamos com a influência de africanos, que vieram escravizados, e da população indígena que habitavam a região.  Sem contar que temos um número expressivo de libaneses na cidade, atualmente. Toda essa rica diversidade é a base formadora da nossa sociedade. 
          Logo que as crianças chegaram, todos se reuniram no Anfiteatro  localizado em frente a um paredão ao lado da entrada principal da Gruta da Lapinha. O sol se encarregou de iluminar e aquecer o ambiente. A abertura do evento contou com a presença da Casa Sr. Tito, com seu grupo de Percussão; e do violinista Marcelo Fonseca. Em seguida, alguns alunos foram encaminhados para as atividades no Museu.
Durante toda a manhã e a tarde tivemos oficinas ministradas pelos colaboradores Andreia Araújo, Erika Banyai, Felipe Santos, Fernanda Prates, Fernando Alvarenga, Kátia Regina, Laila Kierulff, Lilian Panachuk, Matheus Faria, Meire Fole e Simone Lima. Simultaneamente, na área verde, a presença da "Rota das Doceiras" e da "Rota Rupestre", com seus doces e itens de artesanatos, uma oportunidade para conhecer esses saberes culturais que são patrimônio municipal.  Alguns alunos ainda puderam participar da visita Guiada no Museu e na Gruta da Lapinha, além de poderem desfrutar do Circuito de Trilha e Escaladas, com a "Inhangatu Canionismo". A tarde, com sua apresentação performática de dança afro, o ator e importante líder da cultura popular de Lagoa Santa, o sr. Gercino Alves Batista, com o Grupo Irmandade Atores da Pândega. O evento foi encerrado, por volta das 16h, com uma  das bandas mais antigas de Minas Gerais, a Corporação Musical Banda Santa Cecília, criada e organizada pelo dinamarquês Peter W. Lund. No início da noite foi  inaugurado o Projeto Luminotécnico do Parque. Um projeto elétrico do circuito de iluminação interna, onde fizeram a atualização e a ampliação do sistema de monitoramento de vídeo do Parque Estadual do Sumidouro, especificamente na entrada do Museu Peter W. Lund, na Praça de Evento e no entorno do Museu Arqueológico da Lapinha (Castelinho). No local estiveram presentes representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Mineração Belocal Ltda - Grupo Lhoist.
Corporação Musical Banda Santa Cecília
Corporação Musical Banda Santa Cecília
Irmandade Atores da Pândega
Como dito, o evento marca o início das ações que serão desenvolvidas nas vinte e quatro (24) escolas do município. Ao longo do ano letivo, atividades serão elaboradas, projetos executados, reflexões sobre aspectos culturais da escola e seu entorno, através de ações entre professores, alunos e comunidade escolar. Finalizando, em outubro, teremos a exposição dos trabalhos, será a "Semana do Patrimônio", aguardem para maiores informações. Identificar, conhecer, apropriar, divulgar e proteger aspectos da nossa cultura é uma tarefa que deve ser apreendida por todos.

                                                                                                                                                        Prof. Luiz Fernando Avelar Costa

Visão Geral

       O programa vem contribuindo para a elaboração de diversos projetos, dando visibilidade aos trabalhos e atividades desenvolvidas, ao longo de muitos anos, pelos professores da Educação Infantil, dos Anos Iniciais e Finais da Educação Básica, potencializando assim uma divulgação mais ampla do Patrimônio Cultural local, através do ambiente escolar. Educar para o Patrimônio é uma atividade constante do corpo docente que, respeitando os princípios da interdisciplinaridade e da transversalidade, levam os diversos conteúdos relacionados aos alunos. 

       Para o Programa de Educação Patrimonial, na sua primeira edição, em 2021, os professores elaboraram conteúdos e práticas pedagógicas em torno do tema: “Lagoa Santa: História, Cultura e Patrimônio”. Naquele momento, o objetivo era conhecer o município de Lagoa Santa nos aspectos históricos, culturais e as relações dos alunos com o patrimônio cultural material e imaterial do município. No ano seguinte, em 2022, a temática abordada “Lagoa Santa: Diversidade Cultural e Étnica” visava identificar e conhecer as principais características da sociedade lagoasantense. Quais são os grupos sociais que contribuíram para a formação desta sociedade ao longo da história? Indígenas, africanos e Europeus interagiram e interagem entre si, seja em momentos de rivalidade ou nas trocas cotidianas, elaborando e reelaborando conhecimentos, ideias e saberes, formando assim a nossa sociedade. 

       Para este novo ano letivo, a criança e o adolescente como agentes culturais, isto é, como atores sociais, detentores de direitos e capazes de produzir cultura, é nosso principal foco.   

[…] as crianças são agentes sociais, ativos e criativos, que produzem suas próprias e exclusivas culturas infantis, enquanto, simultaneamente, contribuem para a produção das sociedades adultas. […] a criança é vista como agente ativo e um ávido aprendiz. Sob essa perspectiva, a criança constrói ativamente seu mundo social e seu lugar nele (CORSARO, 2011, p.15,19).

       Neste sentido, tanto as crianças quanto os adolescentes são seres capazes de interferir no mundo ativamente como pessoas críticas e autônomas. Assim, no contexto da educação patrimonial, buscamos orientar e promover ações de escuta da fala dos estudantes para melhor conhecer e compreender como esses pequenos cidadãos compreendem a cultura local a qual pertencem e produzem e, também, refletir sobre como inseri-los num contexto de agentes ativos na construção de políticas públicas voltadas para eles mesmos. Dentre as várias possibilidades de abordar a cultura da infância e adolescência, podemos destacar o universo das brincadeiras e brinquedos, que revelam aspectos da cultura e da visão de mundo das crianças e adolescentes. 

       No aprender brincando; brinquedos e brincadeiras serão nosso alvo e objetivo. O corpo docente sabe que quanto mais a criança “brinca”, mais ela “aprende”. São inúmeros os benefícios de se aprender brincando, sobretudo com aquelas atividades que contemplam as linguagens, a cultura e as manifestações artísticas presentes onde cada criança e adolescente vive. Tais atividades possibilitam aos alunos que se tornem gestores, produtores e conhecedores dos processos culturais, se apropriando cada vez mais da cultura local.

       Conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), entendemos que EDUCAR e CUIDAR, ampliam o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças diversificando e consolidando novas aprendizagens, através de ações educativas.  Além disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade (Educação para o Patrimônio). O impacto das práticas educacionais no desenvolvimento das crianças se faz por meio das relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças e que afetam a construção de suas identidades. Em função disso, a preocupação básica do professor deve ser garantir às crianças oportunidades de interação com companheiros de idade, dado que elas aprendem coisas que lhes são muito significativas quando interagem com companheiros da infância e que são diversas das coisas de que elas se apropriam no contato com os adultos ou com crianças já mais velhas. À medida que o grupo de crianças interage, são construídas as culturas infantis. […] As instituições precisam conhecer a comunidade atendida, as culturas plurais que constituem o espaço da creche e da pré-escola, a riqueza das contribuições familiares e da comunidade, as crenças e manifestações dessa comunidade, enfim, os modos de vida das crianças vistas como seres concretos e situados em espaços geográficos e grupos culturais específicos. Esse princípio reforça a gestão democrática como elemento imprescindível, uma vez que é por meio dela que a instituição também se abre à comunidade, permite sua entrada, e possibilita sua participação na elaboração e acompanhamento da proposta curricular. 

       Cito ainda que as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009), em seu artigo 4º, definem a criança como “sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009)” e, também, o seu artigo 9º, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da educação básica são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagem desenvolvimento e socialização.

       É importante fazer com que os estudantes percebam e entendam a localidade onde vivem em seus aspectos social, econômico e político, permitindo assim, um olhar crítico sobre as questões que os cercam. Nesta perspectiva, a Educação Patrimonial é um meio para promover a conscientização dos estudantes sobre seus direitos e deveres como cidadãos e agentes culturais.  

Como o presente se estabelece por uma releitura do passado, espaço temporal representado pelo patrimônio ou legado cultural, é possível perceber a importância e o papel do patrimônio na estruturação da sociedade, na construção e na reconstrução da sua memória (ECKERT, 1993). E, por isso, o trabalho conjunto entre educação, legado cultural e sociedades é tão importante e urgente. (FARIA & WOORTMANN,, 2009, p.52) 

       O estudo sobre o patrimônio cultural resulta na construção e conservação da memória das sociedades. Os acontecimentos ocorridos no passado são transmitidos às novas gerações por meio de elementos sociais e simbologias presentes no cotidiano como a culinária (o quê e como se come), as vestimentas (o quê se veste e como se veste), as festividades (o quê se comemora e como se comemora). No transcorrer do tempo, esses elementos podem ser afirmados ou desacreditados pelas novas gerações, podendo vir a serem excluídos ou ressignificados. Isso demonstra o caráter narrativo do patrimônio cultural, isto é, o patrimônio conta uma história, cria conceitos e valores dentro do grupo social em que são vivenciados e experimentados. Dessa forma, conhecer os elementos sociais e simbólicos do patrimônio permite acessar os processos sociais que ocorrem no espaço e no tempo.  Permitindo também uma compreensão da realidade e um despertar da consciência dos estudantes para questões que o afetam direta ou indiretamente como a política, a economia, o meio ambiente. 

Diante disso, as atividades propostas em um Programa de Educação Patrimonial devem buscar uma aproximação dos estudantes com o patrimônio cultural que o cercam e estimular a reflexão sobre o  papel de cada um  na construção e ressignificação desse patrimônio. Por isso, a importância de se reconhecer cada pessoa, independente da idade ou status social, como agente cultural. 


       Fazer com que nossos estudantes se reconheçam como agentes culturais em nossa sociedade através de ações educacionais para promoção do patrimônio cultural, é nosso maior desafio. Que eles sejam conhecedores, divulgadores, propagadores de conhecimentos, sobretudo agentes que promovam a salvaguarda da memória, da história, da cultura e das inúmeras manifestações populares de Lagoa Santa. Para isso, é necessário, e muito oportuno, conhecer e promover políticas públicas que fomentem o protagonismo dessa juventude. É importante, também, que jovens sejam conscientizados e, consequentemente, criem um sentimento de pertencimento. A partir do reconhecimento do patrimônio cultural, eles poderão entender a importância da preservação desses bens nacionais, aprimorar o conhecimento crítico, além de fortalecer o apreço pela cidade e pela manutenção da cidadania.

Tema do Evento: “Crianças e adolescentes como Agentes Culturais – Modos de pensar e viver a infância e adolescência em Lagoa Santa”

Objetivos Gerais:

Objetivos Específicos:

Bibliografia

CORSARO, William A. Sociologia da Infância. 2. ed., Porto Alegre: Artmed, 2011.

ECKERT, C. Memória e Identidade: ritmos e ressonâncias da duração de uma comunidade de trabalho: mineiros do carvão (La Grand-Combe, França). Porto Alegre: PPGAS/UFRGS, 1993

FARIA, Nathalie Danif Moreira; WOORTMANN, Ellen Fensterseifer .A Educação Patrimonial como elemento de socialização para jovens em situação de risco, 2009. Disponível em: http://www.revistas.univerciencia.org/turismo/index.php/hospitalidade/article/view/302/294.

ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais Belo Horizonte, novembro de 2010. O currículo na Educação Infantil, por Zilma Moraes.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de junho de 2014. Disponível em: . Acesso em: 23 mar. 2017.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> . Acesso em: 27 abril 2023. 

BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=13448-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23 abr. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2023.

Abertura da 3ª edição do Programa de Educação Patrimonial 2023

Apresentação: Luiz Fernando Avelar Costa, Nila Alves de Rezende  e Rogerio Avelar

A importância da cultura como ferramenta de transformação e emancipação

Apresentação: Ione Amaral

Territórios da infância e da adolescência no município - identificação e mapeamento.

Apresentação: Alessandra Cecílio

Pensar as escolas como espaços para a formação em arte e cultura.

Apresentação: Simone Lima

Arquelogia infância, valorização e preservação patrimônio relacionado à infância e à adolescência.

Apresentação: Lilian Panachuck

A Educação Patrimonial em Lagoa Santa, Minas Gerais, tem como principal objetivo fomentar atividades práticas na escola, essenciais para promoção, a conscientização e valorização do patrimônio cultural e natural de Lagoa Santa e da região no entorno da escola. Visitas guiadas a sítios arqueológicos, palestras, exposições, oficinas educativas, entre outras iniciativas, através dessas atividades sensibilizamos os alunos e demais pessoas do município sobre a importância de preservá-lo para as futuras gerações.
Além disso, a programação pode ser integrada ao currículo escolar, proporcionando aos alunos experiências de aprendizagem significativas e promovendo o desenvolvimento do senso crítico, da cidadania e do respeito à diversidade cultural e ambiental do município.
Lagoa Santa é uma cidade conhecida por sua rica história arqueológica e paleontológica, sendo um importante polo de estudos sobre a pré-história brasileira, devido à descoberta de diversos sítios arqueológicos e fósseis humanos na região. As inúmeras manifestações culturais, aqui ressaltamos as festividades e festejos, são riquíssimas e guardam a memória da cultura popular no município.

Programação

Dia 17/06 – Início da Programação, conforme calendário escolar.
Programação com Pedagogos
Dias 19 e 20/06 – terça e quarta-feira
Imersão com Pedagogas da Educação Infantil / Anos Iniciais
19 e 20/06 – Oficina Território Lúndico, como sugestão de atividades para Educação Patrimonial, 18h30min às 19h30min (virtual)
Imersão com Pedagogas dos Anos Finais
19/06 – Roteiro Histórico e Turístico, sugestão de atividades para Educação Patrimonial, 7h30min às 11h30min.
Programação com alunos
Entre 01/07 a 22/08
Programação – Atividades Específicas das unidades escolares, Território Lúndico – Educação Infantil e Anos Iniciais
Programação – Caravana Asas do Carte – Anos Iniciais
Participação nos eventos do 20ª edição do Lapinha Museu Vivo, cujo tema do encontro é “Balança que pesa ouro não pode pesar metal” – Paulo César Pinheiro. Dos dias 12 a 14 de julho, o evento promoverá o encontro com mestras e mestres de tradição da região de Lagoa Santa e de outras localidades do Brasil que propagam manifestações culturais como a capoeira angola, o samba de roda, o reinado de Nossa Senhora do Rosário, o candombe, o tambor de crioula e o cortejo do boi da manta. A programação consta visitas de alunos à Fazenda Samambaia, para participação de oficinas do PRÉ-LAPINHA (02 a 04/07/2024) de Capoeira angola, dança afro-brasileira, percussão, educação ambiental, pinturas rupestres, tintas com pigmentos naturais, contação de histórias e convite para toda comunidade escolar para participar do evento nos dias 12 a 13/07/2024.
Programação de Oficinas nas Escolas – Anos Finais, conforme cronograma
Arqueologia e as Antigas Ocupações Humanas em Lagoa Santa” e “Lagoa Central: Ocupação e Ressignificações ao Longo do Tempo
Palestrante: Igor Prado Rodrigues Meneses
Patrimônio Cultural, Instrumentos de Proteção e Inventários
Luiz Fernando Avelar Costa (SEMED) e Isadora Senra Prado (DMTC)
Merendeiras: Educadora e Propagadora do Patrimônio Alimentar” abordando “Cozinha Mineira Patrimônio – Sistemas culinários da cozinha mineira – o milho e a mandioca
Palestrantes: Departamento de Alimentação Escolar (SEMED)
“O Cerrado de Lagoa Santa – história, patrimônio e problemas ambientais relacionados
Palestrante: SDU – Meio Ambiente / Milena  Ariana Boueri Janducci
Programação – EJA (Anos Iniciais) – Projeto Resgatando Memórias – Dia 25/06/2024 às 18h30min, na Escola Municipal Dr. Lund. 
Dia 23/08/2024
Com alunos: (sexta, 8h às 10h e 14h às 16h) – Encerramento do Programa de Educação Patrimonial no Parque Estadual do Sumidouro (Lapinha).

ESCOLAS MUNICIPAIS DE LAGOA SANTA